quarta-feira, 13 de abril de 2011

LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DO SUJEITO

A Literatura Infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e suas possível realização. Nelly Novaes Coelho
A Literatura Infantil possui características especiais, representa o homem, o mundo, a sua vida por meio da palavra. Além de informação, leva ao encontro da criança um mundo encantado de sonhos e fantasias, onde esta, com sua interpretação, ouvindo ou lendo histórias, imagina e vivencia o mundo ficcional, buscando soluções de possíveis problemas, resolvendo os seus conflitos, uma vez que a literatura está cercada de emoções, sentimentos, fantasias e realidades, magia, beleza, descobertas, alegria e prazer. Fazendo uso desses aspectos, a literatura, trabalhada nesse sentido em sala de aula, de prazer, favorece o desenvolvimento integral da criança.
Como forma de arte, o texto literário tem o poder de representar o real, o palpável, e o real imaginário da criança, desenvolvendo aspectos afetivos e intelectuais, condições de elaborar significativamente os fatos da realidade e interar-se com ela, compreendendo-a e atuando nela de maneira crítica e criativa. Desta maneira, a literatura cumpre um duplo papel: possibilita a apreensão do real e as emoções que o mesmo provoca, bem como incentiva a própria prática da escrita.
O contato inicial com a literatura não exige o domínio de código escrito. A experiência pré-escolar, geralmente, põe na bagagem infantil narrativas orais clássicas e populares, trava-línguas, adivinhas, contos, e tantas outras manifestações ricas em ludismo sonoro e semântico. Desse modo, a literatura proporciona reorganizar as percepções de mundo e, assim, ordenar experiências já existentes. Convivendo com textos literários a criança desenvolve sua formação intelectual do senso crítico e adquire o hábito da leitura. Quando isso acontece, ela passa a escrever melhor e sua escrita contém mais informações e novas possibilidades reais, sociais, políticas e educacionais.
Na leitura a criança é atraída pela curiosidade, pelo formato, manuseio e pelas possibilidades emotivas que o livro pode ter. A magia encontrada escondida nas páginas dos livros pode estimular, no pequeno leitor, a descoberta e o aprimoramento da linguagem, desenvolvendo a capacidade de comunicação com o mundo. Esses primeiros contatos despertam na criança o desejo de concretizar o ato de ler o texto escrito, facilitando o processo de alfabetização. A possibilidade de que essa experiência sensorial ocorra será maior quanto mais freqüente for o contato da criança com o livro.
O educador comprometido com a formação de bons leitores é aquele que está em constante busca do aprender, de conhecer as diversas áreas do conhecimento e trabalhar através da interdisciplinaridade.
No início dos tempos, o maravilhoso foi a fonte misteriosa e privilegiada onde nasceu a Literatura. Desses contos surgiram personagens incríveis capazes de sofrerem metamorfoses e contínuos desafios às leis da gravidade. Enfrentam as forças do bem e do mal, enfim, as narrativas maravilhosas decorrem do mundo da magia, fantasia, sonho, onde tudo é possível, castelos encantados, lâmpadas mágicas, anões e gigantes. A área do maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças.
Entre as formas literárias mais importantes, vindas dos tempos remotos, e que se transformaram em Literatura Infantil estão as narrativas de acontecimentos ou aventuras que se passam no mundo mágico ou maravilhoso, espaço fora da realidade comum em que vivemos, e os fenômenos não obedecem as leis naturais que nos regem. (COELHO, 1993, p.153)
O maravilhoso é um dos elementos mais importantes na literatura destinada à criança. Através dele, o prazer, as emoções que as histórias e seus personagens trazem para o público infantil, proporcionam o simbolismo, que está implícito na história e, vai agir no seu inconsciente, auxiliando na resolução dos conflitos interiores normais nas diferentes fases do seu desenvolvimento.
Segundo estudos da psicanálise, os significados simbólicos do maravilhoso estão ligados aos dilemas que o ser humano enfrenta ao longo do seu amadurecimento intelectual e emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da criança impor a sua vontade e a sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos. Ainda, afirma-se que a criança é levada a identificar-se com o herói bom e belo, não devido à sua beleza ou bondade, mas por sentir nele a própria personificação dos seus problemas. Nesse sentido, a Literatura Infantil funciona como um suporte que irá ajudar a criança a superar o medo de enfrentar as ameaças e perigos que ela sente à sua volta e a compreender alguns valores de uma forma lúdica e prazerosa.
Em nosso país, infelizmente, temos poucas bibliotecas e livrarias, sendo que o acesso aos livros é a minoria da população que têm devido aos custos serem altos. Assim sendo, ainda é baixo o número de leitores que possuem o habito de ler, que conseguem interagir com o autor compreendendo a mensagem do texto.
Para Ricardo Azevedo (2005), nesse contexto, a escola passa a ser o espaço mais importante, onde se dá a mediação da leitura e a formação do leitor. É na escola que aprendemos e carregamos a maior parte dos conhecimentos e informações sobre as diversas áreas do conhecimento, inclusive sobre a formação humana, que é essencial para a realização pessoal e profissional de todo indivíduo. Assim, a leitura e a escrita se fazem presentes com o objetivo de desenvolver o pensar crítico e também oportuniza cada ser humano aprender a se conhecer.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 6ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1993.
AZEVEDO, Ricardo. Aspectos instigantes da literatura infantil e juvenil. In.: OLIVEIRA, Ieda de (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil - Com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005.

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