segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma analise da personagem machadiana: Quincas Borba

Nessa semana daremos continuidade a saga literaria aqui no Periodico da Leitura. Continuaremos analisando a extensa obra de Machado de Assis, o maior ficcionista brasileiro de todos os tempos. Parodiando as palavras de Harold Bloom, um dos mais importantes críticos da atualidade, o brasileiro pode ser classificado como um ironista trágico.


As personagens de Machado de um modo geral estão inseridas em um patamar de reflexão e não de ação. podemos afirmar com isso que há um grande desenvolvimento psicológico acontecendo assim uma análise do ser humano visto pelo autor, segundo José Maria Boutckosky da Silva, como entidade falível e falida.


quando falamos nas personagens do gênio Machado de Assis logo povoam a nossa memória Bentinho, o Dom Casmorro, e Capitu, mas Leda Tenório da Motta, professora de comunicação da Pontifífia Universidade Católica de São Paulo, o melhor de Machado de Assis está em Quincas Borba. Esse romance cômico publicado em 1861 é considerado pela estudiosa um ensaio para aquele que seria o maior do escritor Dom Casmurro.


As personagens de Machado de Assis conduzem os acontecimentos do romance e não são conduzidos por esses acontecimentos, por isso quando analisamos os personagens já estamos toda a trama da narrativa. Na referida obra temos dois personagens que atendem por Quincas Borba: o primeiro é um rico e excêntrico filósofo, o segundo é o cão desse mesmo homem. Quincas é hipocorístico de Joaquim, ou seja, uma forma carinhosa e afetiva de chamar, quando se tem afinidade com a pessoa. Joaquim por sua vez significa "o que Deus elevou". O significado do nome está relacionado diretamente ao filosófo que morre logo no início da história, mas no decorrer do romance a personagem só é chamada de Quincas, isso pode acontecer porque antes de se tornar rico e respeitado filósofo a personagem era um vagabundo, mendigo e só ficou rico porque herdou uma fortuna do tio, afastando assim a formalidade do seu nome.


Quincas Borba é descrito com frequentes alterações de humor, sem motivos sem proporção, aquilo que hoje chamamos de bipolaridade. Como filósofo sua aobra prima é a doutrina do humanismo. Pode-se afirmar que a doutrina de Quincas Borba não é original, pois carrega muito do pensamentode Heráclito, filósofo grego, que garantia que tanto o bem quanto o mal eram e são necessários ao todo. Assim quando Quincas cria sua exemplificação do "humanitismo" por meio da guerra pelas batatas, está apenas parafraseando o grego, que dizia que a guerra é necessária para que se entenda o valor da paz.


A personagem aqui analisada acredita ser o maior homem do mundo por ter formulado a doutrina "humanistica", ma comete um grande erro e nega as próprias ideias no moemento em que batiza o cão com seu nome, pois assim está admitindo que poderia ser esquecido após a sua morte e tenta se perpetuar na lembrança das pessoas através do cão, essa não é um aatitude humanista e tão pouco deveria ser uma preocupação daquele que se dizia o maior homem do mundo, pois se fosse assim deveria ter a certeza que seria lembrado pela sua importância e sua obra.


Além da personagem que dá nome ao romance, outras enriquecem essa trama, pois são ricos de significados: Rubião, melhor amigo de Quincas, por exemplo, é considerado um Otelo às avessas. Sofia é tida como a precursora de Capitu, a maior personagem feminina da literatura de língua portuguesa, equiparando-se em importancia a madame Bovary. Ainda aparecem no romance Cristiano Palha: um vaidoso sem valor, Carlos Maria: o Narciso moderno, Maria Benedita: a humilde adoradora, Dona Tonica: uma solteira ou mais que solteira, Fernanda: a enérgica boa alama, Camacho e Teófilo: as duas faces da política.


Mas a proposta do presente artigo era uma análise sucinta da personagem Quincas Borba sem detenção mais detalhada nas demais. Nas semanas seguintes continuaremos com nossas sobre algum tema da literatura.

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